30/07/13

"Pacto faustiano"

Vejo em directo a sessão da Comissão de inquérito sobre swaps. Não. É sobre a mentira. As swaps não interessam nada...
Do governo anterior há a registar que foi um tempo de "pacto faustiano" (Vítor Gaspar).
Como Vítor Bento tinha dito em 22 Março de 2010 sobre a dívida.
Mais de três anos depois, alguns daqueles deputados ainda não perceberam.

24/07/13

Para o Álvaro



E aqui ao lado vai ficar o "Desmitos".
(30-7-2013)
Pelos vistos conselhos insuficientes e ineficazes porque a corrupção é mais insidiosa do que se pensa. 

17/07/13

Piores exames de sempre ?





Mais justificações. É só escolher: 1;  2;  34; 5; 6.
Estas são uma espécie de desforço que não deixa  reconhecer que muitas destas medidas não servi(r)am para nada. Mas falta uma que dava pelo nome de PIT, talvez faltem mais computadores magalhães e, quem sabe, a falhada avaliação de desempenho...

16/07/13

Piores exames de sempre ?





Justificações para todos os gostos. É só escolher: 123; 4.
O que é "interessante" é comparar o que não se pode comparar: Este ano todos os alunos fizeram exames, o que não aconteceu nos  anos anteriores. Portanto, os exames só são comparáveis se retirarmos os alunos que não seriam admitidos a exame.
Mas, independentemente disso, esta entrevista, tem toda a razão de ser.
Piaget, se fosse vivo, daria uma enorme gargalhada !

15/07/13

Jogadas

jogada nº 3
marcha lenta


um dois
um dois
um dois
um dois
um dois
um dois
um dois
como não há
dois sem três
como? não há
dois sem três ?
sem três?
dois
sem três ?
um dois ?
sem
três ?
pois.
um dois
um dois
um dois
um dois
um dois
um dois
um dois
e depois
hoje
será?
amanhã
o que era
ontem
e depois
um dois
um dois

Alberto Pimenta, Jogo de Pedras, appia



Qualquer semelhança com a realidade (actualidade) é pura coincidência. 



12/07/13

A difícil tarefa de organizar turmas


Alunos de EVT - 2007 - EB Afonso de Paiva


Acompanhar os filhos no percurso educativo é uma tarefa de longos anos. Podemos achar que os filhos dão mais trabalho quando são pequenos mas a realidade é que o trabalho com os filhos vai sendo diferente mas nunca acaba. 
Acontece quando vão para a creche ou jardim de infância e acontece especialmente quando vão para o ensino básico e temos que escolher a escola que vão frequentar.

Escolher uma escola para os filhos não é fácil. É claro que, ao escolher a escola, uma série de questões podem ficar praticamente resolvidas e outras se podem iniciar nessa altura.
A escolha da escola pode garantir, à partida, uma escolha de uma "boa" turma. Isso vai depender da escolha recair numa escola privada ou estatal, mas principalmente com a posição que essa escola tem no ranking de escolas.
Uma coisa leva à outra. Uma escola "boa" terá menos retenções e uma escola "má" terá mais retenções o que leva a maior complexidade na organização das turmas. 
Uma escola "inclusiva" terá mais alunos diferentes nas turmas. E nem sempre esta situação de diversidade é vista como uma vantagem para a turma.

Muitas destas escolhas estão limitadas por critérios formais previstos na legislação * mas outras não. É o que se passa com os critérios para a constituição de turmas em que a realidade é sempre mais complexa do que pode parecer. Organizar turmas é uma das tarefas pedagógicas mais difíceis que pode haver **, tendo em conta os critérios expressos na legislação mas também aqueles critérios que apenas fazem parte do currículo oculto.
Não é critério pedagógico, por exemplo, organizar as turmas por ordem alfabética, embora fosse o mais isento de todos os métodos por deixar a organização da turma à lotaria do acaso. 
Depois vemos que há opiniões para todos os gostos: O grupo do jardim de infância deve-se manter junto na transição para o 1º ciclo, na transição para o 2º ciclo... Ou a opinião exactamente inversa: o grupo deve ser disperso, para conhecerem situações relacionais novas, não manterem vícios/rotinas já adquiridos...
Para além da decisão de manter ou separar o grupo, outras questões se colocam: Que fazer aos alunos repetentes, que fazer aos alunos absentistas, que fazer aos alunos oriundos de outros países, ou seja, com língua portuguesa não materna (LPNM) ? Que fazer aos alunos com NEE ? que fazer aos considerados "maus alunos" ?
Como organizar uma turma onde tem que colocar alunos nestas situações ?
Imagine que rede escolar contempla a sua escola apenas com 4 turmas de 7º ano e 1 turma é do ensino articulado de música e que tem à partida 15 ou 20 repetentes de 7º ano. Como faz a distribuição dos repetentes ? E se a estes junta 4 ou 5 alunos com NEE… Acha que consegue organizar 3 turmas equilibradas ?
No 1º ciclo, às vezes, escolhe-se o professor ficando a turma automaticamente escolhida. É também por isso que há turmas que têm sempre muitos alunos candidatos e outras em que escasseiam.

As decisões que os pais tomam não devem ser baseadas no que se diz, no que consta, porque, se muito do que consta é verdade há também situações em que assim não é. 
Os pais devem acompanhar os filhos neste processo na medida em que podem intervir, mas basearem as suas escolhas sempre que possível em critérios objectivos. Nem tudo o que se diz é verdade.
Apesar desta preocupação com o próximo ano lectivo, desejo que pais e alunos descansem e tenham umas boas férias.
___________________________________

* O Despacho n.º 5048-B/2013, estabelece critérios para matrículas, distribuição dos alunos por agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, regime de funcionamento dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário e constituição de turmas. 
O Artigo 17.º define as regras gerais sobre a constituição de turmas: 
1- Na constituição das turmas devem prevalecer critérios de natureza pedagógica definidos no projeto educativo e no regulamento interno do estabelecimento de educação e de ensino, competindo ao diretor
aplicá-los no quadro de uma eficaz gestão e rentabilização de recursos humanos e materiais existentes e no respeito pelas regras constantes do presente despacho. 
2- Na constituição das turmas deve ser respeitada a heterogeneidade das crianças e jovens, podendo, no 
entanto, o diretor perante situações pertinentes, e após ouvir o conselho pedagógico, atender a outros critérios que sejam determinantes para a promoção do sucesso e o combate ao abandono escolares. 



07/07/13

Conselho de turma enquanto equipa de trabalho


Castelo Branco


"O lexema currículo, proveniente do étimo latino currere, significa caminho, jornada, trajectória, percurso a seguir e encerra, por isso, duas ideias principais: uma de sequência ordenada, outra de noção de totalidade de estudos".  (Pacheco, J.A. - Currículo: Teoria e práxis


O conselho de turma é uma equipa de trabalho que tem um líder formal, o director de turma. Sempre foi o centro do trabalho pedagógico da escola mas, com as mudanças na sociedade e na escola, o conselho de turma tornou-se numa equipa de trabalho mais complexa pela sua composição e pelos conteúdos que lhe são submetidos.
Para que o conselho de turma,  enquanto equipa, atinja os seus objectivos é necessário que:
- Os seus elementos ultrapassem as atitudes individualistas e todos trabalhem em conjunto;
- Os seus elementos compreendam que o sucesso não é a soma dos trabalhos individuais mesmo que sejam bem feitos mas o que resulta do trabalho conjunto;
- A meta a atingir é o sucesso dos alunos e isso depende do trabalho comum dos vários professores e técnicos que compõem o conselho de turma;
- A responsabilidade seja de todos. Se um professor tem sucesso, o sucesso é de todos. Se um professor falha, todos falham. O trabalho cooperativo é fundamental.
- A avaliação de desempenho seja entendida como avaliação de desempenho da equipa de trabalho (e, também por isso,  discordamos da avaliação individual do desempenho).

É desta estreita colaboração que nascem as vantagens do trabalho de equipa. Essas vantagens resultam:
- do máximo aproveitamento dos talentos, capacidades técnicas e profissionais, criatividade e motivação.
- da complementaridade de funções;
- da utilização de novas metodologias educativas e pedagógicas para resolução dos problemas.

O conselho de turma, enquanto equipa de trabalho, apresenta alguns riscos que é preciso evitar:
- Cada um trabalha para si, o professor vê e interessa-se, apenas, pela sua disciplina;
- O grupo não tem liderança e deixa que as decisões importantes sejam decididas por um ou outro elemento da equipa, não havendo trabalho de conjunto;
- Os conflitos na equipa levam ao desrespeito e humilhação dos membros do grupo;
- Aparecem lideres informais que se impõem na medida em que os outros elementos tomam a atitude passiva de “não quero saber”;
- O trabalho é sempre visto numa perspectiva de recuperação e acompanhamento das falhas e raramente há projectos de prevenção do insucesso;
- A falta de comunicação pode gerar conflitos desnecessários, lentidão na intervenção, agir quando já não há remédio, e, no fundo, insucesso.

O conselho de turma é também uma equipa multidisciplinar e integra vários técnicos. Para além dos professores, dele fazem parte: professores especializados, psicólogos, terapeutas, representante dos encarregados de educação
É o setting onde a articulação entre os vários técnicos, disciplinas e metodologias se deve fazer.
Está particularmente sensibilizado para o trabalho com alunos com necessidades educativas especiais, dificuldades de aprendizagem, sobredotação, problemas de saúde... isto é, para as diferenças. 
Tem uma função importante na orientação e encaminhamento dos alunos para outros subsistemas de ensino/ aprendizagem, embora o trabalho a este nível seja ainda muito incipiente.

O conselho de turma é uma equipa de avaliação dos alunos. E por mais que se queira ou  pense que estão apenas a avaliar os alunos, os elementos do conselho de turma, obviamente, através do trabalho de equipa,  também estão a ser avaliados. O sucesso e o insucesso são também da equipa . 
A responsabilidade do resultados pertence ao aluno e ninguém nega que o aluno é parte activa desse processo mas há sempre responsabilidade da equipa.
Não é linear saber quando se pode considerar que o conselho de turma tem sucesso. Mesmo quando os resultados no aproveitamento, comportamento são satisfatórios. Mas é  sempre mais útil usar alguns critérios objectivos.

Como equipa de trabalho usa várias estratégias dispondo, para isso, de vários instrumentos de trabalho. 
Em nosso entender o Projecto de Turma* deverá incluir todas as actividades planeadas que se enquadram no tema desenvolvido pela escola e em todas as actividades que vão sendo incluídas ao longo do ano.
Mas, essencialmente, deveria incluir o perfil de aprendizagem de cada aluno. As necessidades de cada aluno em cada disciplina: o que é comum e o que é específico.  O conhecimento elementar da personalidade do aluno e dos seus estilos cognitivos. Os pontos fortes e os pontos fracos.

O que acontece é que, muitas vezes,  o conselho de turma é uma equipa de trabalho que nem sempre trabalha em equipa. Tem um líder formal, o director de turma, que nem sempre é o líder informal e que nem sempre é reconhecido como líder formal. E o trabalho de equipa que é também um trabalho interdisciplinar, muitas vezes, não passa de disciplinar.

____________________________

* Na onda de considerar tudo trabalho burocrático, com a água do banho, também o projecto curricular de turma foi pelo cano. No entanto, o ME manteve o Plano de turma (DL nº 139/12, de 5/7):
"4 — As estratégias de concretização e desenvolvimento do currículo são objeto de planos de atividades, integrados no respetivo projeto educativo, adaptados às características das turmas, através de programas próprios, a desenvolver pelos professores titulares de turma, em articulação com o conselho de docentes, ou pelo conselho de turma, consoante os ciclos."
Mesmo que não estivesse previsto na legislação, este Plano de Turma é fundamental para o trabalho da turma enquanto equipa de trabalho.

04/07/13

Adolescentes e actividades de férias


Alvor

Acabou a escola, os exames estão praticamente no final. Que fazer até Setembro? É muito tempo para ficar inactivo ou para andar por aí…
O grupo etário dos adolescentes de 13-15 anos é particularmente sensível a esta questão porque tem sido  particularmente desfavorecido em relação à criação de respostas sociais e psicopedagógicas, ajustadas às suas características, como acontece com as actividades de férias e em que os adolescentes se encontram numa fase de desenvolvimento muito importante para a autonomia segura e saudável.
A oferta de actividades de férias é escassa, mas não deixa de ser importante para a ocupação dos jovens e para o seu desenvolvimento.
As transformações sociais trouxeram também evolução no que se refere a estas actividades. As antigas colónias de férias tão positivas para alguns, foram, para outros, um grande aborrecimento e, por isso, os pais podem ter receio de deixarem participar os filhos neste tipo de actividades, dada a experiência negativa que eles próprios tiveram..
No entanto, mesmo que a experiência tenha sido positiva, isso não invalida a importância de fazer uma selecção rigorosa dos serviços e empresas que oferecem estas actividades.

As actividades de férias caracterizam-se por serem livres, lúdicas, criativas, educativas e hedonistas.
Além disso, elas favorecem o desenvolvimento emocional: “ O distanciamento em relação aos pais que o adolescente tem necessidade de tomar a certa altura, é quase sempre mal suportado por estes e interpretado como um desinteresse afectivo. Os pais sentem-se abandonados e preteridos pelos filhos quando estes se isolam ou procuram os grupos dos seus pares, rapazes e raparigas da mesma idade. Este afastamento normal e transitório a que os pais reagem com sofrimento, abre a porta a uma situação que pode ser trágica e que é necessário evitar a todo o custo - a ruptura da comunicação pais - filhos, adultos - adolescentes". (Dias Cordeiro)
O grupo etário dos 13-15 anos inclui indivíduos na puberdade e adolescência, um período da vida de transformações somáticas, fisiológicas e psicológicas profundas.
Estas transformações permitem a abertura a novos valores interindividuais e sociais e a antecipação e construção de projectos de futuro. 
Dentre as perspectivas psicanalíticas merece uma particular referência a que considera a adolescência como perca dos objectos afectivos e como reacção de luto.
Os vários lutos evidenciam que "a adolescência‚ é o período da vida no qual o aparelho psíquico opera as mudanças mais importantes que arrastam em si profundos sentimentos de perca, geradores obrigatórios de aspectos depressivos. Portanto não existe adolescência normal sem depressão, sendo as formas anormais desta no fundo, decorrentes de um deficit da capacidade de tolerância do EU ao luto" (Amaral Dias, pag.56 e 57).

Os adolescentes dos 13-15 anos desenvolvem a sua maturidade, através de um processo de pesquisa e descoberta sendo as actividades de férias um tempo e um espaço privilegiados para isso.
Nas relações interpessoais, o afastamento da família‚ é feito progressivamente a partir dos 13 anos, atingindo o nível mais baixo aos 15. Ganha importância a amizade com adolescentes do mesmo sexo e posteriormente do sexo oposto.
As actividades de férias apostando nos interesses dos adolescentes e favorecendo a autonomia podem facilitar essa transição de forma saudável .