26/03/13

Verdade



Vai regressar a verdade ("Sócrates será comentador político da RTP a partir de abril"). Virtual. Encenação. Talvez com figurantes-alunos contratados para a sala de aula, no fim de semana. Talvez com plateias político-turísticas. O ppt será perfeito e convincente. Não haverá sequer necessidade de enganar. Porque tudo é engano. Porque o teleponto não se engana.

22/03/13

Autonomia afectiva

Semana Expressões - Foto: M. João Amaral (2006)


As crianças não trazem livro de instruções, efectivamente, e é necessário que os pais aprendam a educá-las.
Não se pode pensar que as podemos educar apenas em algumas coisas essenciais: na arrumação, na organização, na limpeza e higiene nos cuidados pessoais... É necessário que sejam educada nas atitudes e nas emoções.
Deixamos para o jardim de infância algumas das aprendizagens mais importantes da nossa vida, principalmente as que se prendem com a comunicação. Mas até lá há um longo caminho a percorrer e todos os momentos de desenvolvimento são importantes até à idade de 3 anos .
Seligman fala-nos de várias técnicas para construir as emoções positivas: dormir com o bebé, jogos de sincronia, saber dizer não e sim, saber usar o louvor e castigo, compreender a rivalidade entre irmãos,  miminhos ao deitar e até fazer um acordo com o bebé.
É preciso dizer que há em todas estas situações aspectos positivos e negativos.
Discute-se muito se os pais devem dormir com os filhos pequenos. Há as mais diversas experiências e cada um de nós tem a sua .
Seligman fala-nos da sua experiência positiva sobre este aspecto.
Há pediatras (Sears) adeptos do co-sleeping, o sono em família e que apontam benefícios.
Na nossa cultura há a tendência para desenvolver a autonomia dos filhos nos vários aspectos do desenvolvimento e principalmente no emocional. 
Não me parece que haja regras ou modelos a seguir. Cada família adoptará as atitudes mais adequadas. 
Dormir com o bebé pode ter vantagens quando se trabalhar o dia inteiro longe dos filhos. Há indicações de que os bebés adormecem mais facilmente e dormem melhor. 
As mães dormem melhor e mães e bebés entram em sincronia nos seus ritmos de sono. 
Facilita a amamentação tornando-a mais fácil.
Bebés e pais ficam mais ligados e a vinculação pode torna-se mais forte e evidente.
Há casos em que reduz os riscos de saúde.
Mas convém referir que estamos a falar de pais equilibrados do ponto de vista psicológico, não são pais fumadores nem consomem bebidas alcoólicas. 
Os defensores desta ideia dizem “os bebés vão deixar a cama dos pais naturalmente tal como deixam de mamar, e que normalmente isso acontece por volta dos dois anos.
Mas também sabemos que isso não acontece sempre assim e há também desvantagens: a pergunta quando é que isto acaba e como vai acabar ? pode ser de difícil resposta. Vai haver todas as noites choro com cenas de “já não gostas de mim?”
E o que acontece quando este comportamento se prolonga por muitos anos até adolescência. 
Situações em que os filhos fizeram toda a fase de latência (fase de desenvolvimento psicosexual entre os 6 e os 10 anos de idade) nesta situação e até mais tarde.
Temos encontrado algumas dificuldades de desenvolvimento que em nosso entender radicam na procrastinação deste processo de relacionamento afectivo.
Sintomas como dificuldades de aprendizagem podem eventualmente estar relacionados com este comportamento com um a ligação muito forte com a mãe quase simbiótica e onde o pai é afastado da relação. E muitas destas desvantagens vão sendo mais complicados quanto mais tarde a criança deixa a cama parental.
Resultam problemas de parentificação. Resultam comportamentos de manipulação da vontade e decisões dos pais. Os pequenos ditadores também nascem aqui. Alguns passam a ser os chefes lá de casa.


O assunto é controverso. Enquanto os filhos são pequenos, dormir sozinho ou com os pais  é dos assuntos em que não parece haver consenso. Basta ver alguns sites:  Dormir con tu bebé: La cama familiar;  Dormir sozinho, um verdadeiro problema na infância! ; Como tirar o bebê da cama dos paisTem problema levar o bebê para dormir na cama dos pais? ...

21/03/13

Crítica e divertimento: Arte


Rafael Bordalo Pinheiro é hoje homenageado pelo Google, na comemoração do 167º aniversário do seu nascimento.
Passar pelo Jardim Bordalo Pinheiro, no Museu da Cidade. 


Ou "visitar" aqui a arte da faiança ou aqui esta colecção extraordinária...



17/03/13

O primeiro traço

Garatuja,  M. 2;4(5)


O conhecimento que pais educadores têm do desenvolvimento da criança, pode ajudar a compreender as suas diversas manifestações estéticas. O conhecimento das diversas fases do desenvolvimento da criança permite-nos, por outro lado, ter as atitudes pedagógicas mais adequadas face ao comportamento da criança.

Até ao aparecimento das primeiras manifestações gráficas a criança tem um longo caminho a percorrer.
Embora o desenvolvimento de todas as crianças passe pelas mesmas etapas de desenvolvimento, cada uma tem o seu ritmo próprio, cada uma é diferente de todas as outras, cada criança é um indivíduo. Não é apenas a soma das coisas que cada criança dessa idade é capaz de fazer.
Aliás, cada idade tem também a sua própria individualidade, no sentido de que tem a sua própria tarefa de desenvolvimento, o seu próprio clima e a sua própria maneira de ser. (Gesell)
O desenvolvimento não se faz em linha recta: a fases de equilíbrio sucedem-se outras de desequilíbrio.
É num processo de assimilação e acomodação que se vai construindo a inteligência. Temporariamente, pode haver desequilíbrio, estar mais de um ou de outro lado, como, por exemplo, quando a criança imita em que há uma maior acomodação; ao contrário, quando a criança joga há maior assimilação.
Ao nascer a criança passa do meio líquido da barriga da mãe para o meio gasoso do mundo exterior e nesse primeiro contacto com o ar, berra, adquire a autonomia respiratória, gesticula instintivamente com as pernas e os braços e é sensível ao frio e ao calor. (Fase narcísica - autismo normal).
O recém-nascido é dependente de outro, a satisfação das suas necessidades depende de outro e entende-o como tal: alimentação, higiene, conforto, mudanças de posição, etc. ( Fase simbiótica).
Estas experiências iniciais com a mãe e com o seu próprio corpo são fundamentais para o desenvolvimento posterior que se pode designar por nascimento psicológico.

Há um série de reflexos de que o bebé dispõe ( reflexo de sucção, de preensão da mão, etc. O reflexo de sucção está associado à nutrição e à necessidade de contacto com o mundo através da boca chupando na mama da mãe, no biberão, nos dedos, no objecto que se lhe apresente, fralda, cobertor, etc., -  Objecto de transição.
Entretanto o movimento dos braços vai sendo coordenado com o da sucção, vai desenvolvendo a percepção táctil através das mãos e da boca.
A pouco e pouco, através dos mecanismos de que falamos (assimilação e acomodação) vai apreendendo o mundo que o cerca, segue objectos com os olhos, olha para as mãos e brinca com elas, reconhece ruídos familiares, sorri quando lhe falam.
Por volta dos 4/5 meses, o bebé mostra uma capacidade crescente para reconhecer a mãe como uma pessoa muito especial, sentir e inspeccionar o mundo não-mãe e a mover-se, inicialmente, pouco e depois cada vez mais deliberadamente para longe da mãe (inicío da fase de separação-individuação).

Até aos 18 meses o bebé foi desenvolvendo as suas capacidades motoras, perceptivas, sociais.
O acto de andar assume particular importância, permitindo-lhe a livre locomoção em posição erecta, e está preparado para o jogo simbólico e para a representação.
É por volta dos 18 meses que a criança inicia a sua actividade gráfica.
"Um dia, ocasional ou voluntariamente, a criança vê o primeiro traço deixado pela sua mão ou por um instrumento que risque sobre o papel, a parede, o chão, o tampo da mesa, onde calha. Este gesto impreciso e impulsivo, que deixa a marca de um traço negro ou colorido, vai afirmar-se durante a primeira infância, e o papel cobre-se de riscos desordenados: é a fase dos rabiscos ou garatujas que vai até aos dois anos e meio". (E. Gonçalves)

A garatuja é assim a primeira manifestação gráfica da criança.
A criança tem necessidade de riscar qualquer superfície lisa: papel, paredes, livros, tudo o que está ao seu alcance.
A superfície a riscar deve ser grande, permitindo-lhe movimentos largos do braço e do antebraço e finalmente da mão, de acordo com as suas capacidades psicomotoras.
A garatuja, registo gráfico de movimentos espontâneos, desenvolve-se dos 2 aos 4 anos podendo passar por 4 etapas (Lowenfeld):
desordenada - experiência quinestésica;
longitudinal - movimentos repetidos, coordenação visuo-motora; controlo dos movimentos;
circular - aumento do controlo dos movimentos verificados por desvios dos movimentos usados até então;
comentada - mudança do pensamento quinestésico para o pensamento imaginativo.
A figura humana surge imaginariamente pelo comentário da criança.
Deste emaranhado de riscos, um dia destaca-se uma figura redonda - uma visão sincrética do corpo - redondo como o seio da mãe, como o colo da mãe, como o objecto que se agarra e cabe na mão.

Temos assim uma expressão que deriva dos impulsos instintivos da criança, incontrolada e livre.
A atitude dos adultos face a estas manifestações é de grande imprtância. Podemos referir desde já que os adultos, pais e educadores em especial, ao compreenderem esta necessidade de expressão da criança ligada ao seu desenvolvimento bio-psico-social não terão dificuldade em perceber que estas manifestações da criança não devem ser reprimidas.
Mas há outras atitudes que poderão ser igualmente prejudiciais à evolução da criança, como, por exemplo, os grandes elogios, a decepção ou a indiferença do adulto.

"O mundo plástico da criança é estruturalmente diferente do mundo plástico do adulto. Tem valores e leis particulares, características próprias segundo as fases da sua evolução". (E. Gonçalves) 
O problema está em que o adulto muitas vezes não está preparado para a educação das crianças, para a educação dos filhos não só nesta área como em muitas outras.
Aliás, nem sempre é fácil compreender as manifestações da criança como as manifestações gráficas, como não é fácil compreender a pintura, por exemplo. É um problema de educação mais geral.
Mas a questão, o problema aqui, é evitar causar prejuízo à criança que pode ser causado no seu desenvolvimento, isto é, a necessidade natural que a criança tem de se exprimir, de forma espontânea, de comunicar com os outros o que sente e o que pensa deve ser respeitada e levada com seriedade. É necessário entrar no jogo da criança, entrar no mundo da criança...

14/03/13

Independência e autodomínio

                                
Ser pessoa implica passarmos pelo processo de nos tornarmos independentes e ao mesmo tempo termos capacidade de autodomínio.
Acontece que há um período da nossa vida em que se joga esta questão fundamental: aprendermos a ser independentes mas ao mesmo tempo sermos capazes de ter autodomínio.
Esta luta interna e com os nossos educadores acontece mais ou menos entre 1 ano e 3 anos de idade.
Muitos problemas que surgem nessa altura, ou no futuro, nascem nos acontecimentos críticos normais do desenvolvimento destes anos. 
Muitos problemas de comportamento que identificamos então ou mais tarde, na escolaridade, e que têm vindo a ser estudados são problemas em que as crianças não aprenderam a lidar com a sua independência e autodominio.
Estes problemas são de tal modo graves que as crianças são descritas como crianças tirânicas ou como pequenos ditadores...
Efectivamente algumas dessas crianças apresentam comportamentos tirânicos, isto é, comportamentos de opressão, crueldade e abuso de poder em relação aos outros, em especial aos pais e aos educadores, no jardim de infância e na escola.
Já presenciámos ou ouvimos descrições de comportamentos deste tipo em crianças destas idades: Vai para a cama quando quer, come o que quer e quando quer, quer que lhe comprem tudo, sabe dramatizar o quotidiano, sabe utilizar a raiva, os outros são mais objectos do que sujeitos, quer ficar em casa, quer sair à rua...
Elas dominam completamente o ambiente familiar desde manhã, quando se levantam, até ao deitar  e seguem todos os rituais de manipulação de que se lembram.


O que aconteceu entre um ano e três anos para se chegar aqui ? Com alguma frequência pais e mães chegam à consulta desesperados e não sabem o que hão-de fazer com os filhos, já tentaram de tudo e não conseguem lidar mais com eles. E estão dispostos a abdicar da educação deles, às vezes ainda muito pequenos: " vou mandá-lo para um colégio", seja lá o que isso signifique na cabeça dos pais... 
O dia a dia da família torna-se insuportável quando vivemos com crianças assim. 
Há, de facto, crianças que têm dificuldade em lidar com a sua independência e dificuldade em adquirir independência sem perda da autoestima e com controle das frustrações.
Mas há alguma coisa que se possa fazer ?
Há sempre formas mais adequadas de educar e formas erradas. As formas erradas são a permissividade excessiva e o autoritarismo. Uma não é alternativa ao outro porque são as duas erradas. 
A forma mais adequada é a que tem em conta as etapas de desenvolvimento da criança. As birras, p.ex.,  fazem parte do processo de desenvolvimento, assim como  a aprendizagem da frustração, a compreensão de que há situações que não pode fazer para sua segurança, há medos que não existem de verdade, a  locomoção é cada vez mais segura  e fonte e segurança...
Muitas dos comportamentos desta idade fazem parte destas aprendizagens e não que isso acontece por serem boazinhas ou mazinhas.Têm capacidade de imitação extraordinária. Cada criança pode imitar sequências inteiras de um determinado comportamento do pai ou da mãe.
E é assim que vai ganhando autonomia e aprendendo os comportamentos ajustados.  A criança está a  aprender a ser independente,  a aprender a importância dos  limites, aprender a brincar, aprender com os desejos e a fantasia, aprender a identificação com os pais. (Brazelton)
"Como é compensador quando os filhos têm condições para gostarem dos pais como de pessoas separadas - não como uma extensão de si próprios!" (Brazelton)


09/03/13

Cansativas carreiras

Culto da personalidade

Não deixa de ser invulgar e inesperado o que escreve Álvaro Cunhal (O partido com paredes de vidro,1985, pag.132 a 136) sobre o culto da personalidade.
"O culto da personalidade é um fenómeno negativo que comporta inevitavelmente pesadas
consequências no partido em que se verifique.
Os elogios públicos e o exagero dos méritos do dirigente objecto de culto são aspectos superficiais.
As questões de fundo são extrordinariamente mais graves.
São as incompreensões e a supervalorização do papel do indivíduo.
É a atribuição a uma personalidade, não apenas do que lhe é devido pelo seus méritos mas do
que se deve aos méritos de muitos outros militantes.
É o injusto apagamento da contribuição dos outros.militantes, assim como da classe e das massas.
É a prática da direcção individual e da sobreposição da opinião individual (mesmo que errada) do colectivo.
É a aceitação sistemática, cega, sem reflexão crítica, das opiniões e decisões do dirigente .
É a crença ou a imposição da sua infalibilidade.
É o atentismo em relação às decisões do «chefe» e a quebra da iniciativa, intervenção e
criatividade das organizações e militantes.
....
É o caminho quase inevitável para a intolerância, o dirigismo, a utilização de métodos administrativos e sanções em relação aos que discordem do dirigente objecto do culto, o contradigam ou se lhe oponham.
....
O culto da personalidade dos dirigentes é um fenómeno negativo na prática de um partido. Embora com alcance diferente, não deixa de ser negativo quando diz respeito a dirigentes mortos.
Se se é contra a deificação dos vivos, também se justifica ser contra a deificação dos mortos.
Mesmo em relação às mais notáveis figuras da história revolucionária, não são de alimentar ideias de infalibilidade.
Prestar homenagem aos mortos. Valorizar o seu papel. Aprender com os seus ensinamentos e o seu exemplo. Mas não incensar e não endeusar."

07/03/13

Culto da personalidade


O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.
Fernando Pessoa

Assistimos, por estes dias, a mais um fenómeno deste tipo. O culto de personalidade faz parte da propaganda política baseada na exaltação das virtudes, reais ou imaginárias, de governantes que se auto-consideram, ou como tal são considerados, acima de qualquer mortal.
A divulgação da sua figura só permite uma imagem positiva, livre de qualquer defeito.
O culto inclui cartazes enormes do querido líder, exaltação das virtudes pelos meios de comunicação e quase sempre e, desgraçadamente, a perseguição aos que não pensam do mesmo modo, os chamados dissidentes.
Revejo Andrea Devoto, cap V, pag.125 e segs.
O culto da personalidade transforma-se muitas vezes em mito: uma narrativa de carácter simbólico, num  determinado contexto cultural. O mito, a crença não são acontecimentos em si mas estão ligados a um contexto de onde é difícil separá-los. O mito pode partir da realidade e procura explicar a realidade, os fenómenos naturais, as origens do mundo e do homem.
Por que é que os povos começam a idolatrar os seus lideres e a prestar-lhes culto? O que faz com que as pessoas elevem uma simples criatura e a transforme numa entidade superior ?
Em primeiro lugar, temos de perceber onde se cria o mito: vem das elites, do poder ou de baixo, do povo ?
Se do povo, é principalmente devido a um sentimento de insegurança que o povo cria o culto da  personalidade.
Este culto é meramente passivo. As multidões entregam-se passivamente a estes líderes, transformados em divindades. E é com estranha felicidade, com as lágrimas nos olhos que se aceita a vida e a morte. 
Mas o culto da personalidade pode ser construído de cima. E nesse caso, expande-se pela propaganda onde as artes, como a música, a pintura, a fotografia, a literatura têm o seu papel principal. Há artistas devotados ao seu herói. De tal modo que chega a ser ridícula a forma como se lhes dirigem. Lembram-se daquele verso ...força força companheiro Vasco nós seremos a muralha de aço...
Este culto mantém-se pela repetição contínua, desesperada, pelo recurso a uma série de variações sobre o mesmo tema, à ubiquidade das repetições, por todos os lados e em todos os meios.
Pelo exagero das qualidades: "eles" são apenas virtudes e qualidades reputadas mundialmente, quem os outros líderes respeitam e temem.
Quando o culto da personalidade vem de baixo, transforma-se em lenda mas o culto e o mito porque se servem de uma necessidade religiosa  e de segurança da multidão, não podem vir senão de cima, daquele ou daqueles que conservam o poder.
Era nestes termos que se caracterizava um desses líderes: 
"À altura da sua missão, Não era um brutamontes político, Era um homem cristalino, Um político integro, Intrépido na luta, Implacáveis com os inimigos do povo, Isento de qualquer sombra de medo, Prudente, Incapaz de qualquer precipitação, Verdadeiro, Honesto, Amante do seu próprio povo."
Um líder assim, não faz parte deste mundo. Só pode ser um nada que é tudo.

04/03/13

Forjados...










 














Aqui e além, felizmente, alguma recuperação mas de uma maneira geral a degradação vai-se operando nos edifícios da cidade.
O vórtice das novas construções, dos bairros novos, deixou, talvez, irremediavelmente, perdidos os edifícios mais antigos.
É assim por todo o país, em qualquer cidade em qualqer rua.
Foi este o progresso, o crescimento...  descontrolado e sem sentido.

02/03/13

Autoestima e heteroestima




Pois é, que se lixe a troika, porque isto não depende de troika nenhuma, depende apenas de nós.

O "homem novo"




A filha de Lara, Katya, mostra o que lhe ensinaram na escola: o ódio ao czar. E fica estupefacta com o facto de Jivago não saber que disciplina é "I C". Mas ela depois esclarece: "Instrução cívica".
O homem novo vinha aí e através da instrução obrigatória.

Era uma vez Petritchenko, em Março de 1921...




O canal História passou, de 9 para 10 de Dezembro 2012, Kronstadt, a revolução russa e os marinheiros de Kronstadt.
Foi também há 92 anos, que a revolta aconteceu nas primeiras semanas de Março de 1921, em Kronstadt, uma fortaleza naval localizada na ilha de Kotlin, no Golfo da Finlândia.

De Google Earth

Chefiavam a fortaleza Raskolnikof e Larissa.
Trosky utilizou os marinheiros contra os "brancos" em Kazan que tinha sido conquistada pelos "brancos" que eram formados por uma legião de checos (chamados para ajudarem os bolcheviques mas que acabaram por se revoltar), e por revoltosos.
A guerra civil e a brutalidade da "checa" contra tudo o que se opusesse, principalmente os camponeses. Milhões de mortos.
Em Kronstadt os marinheiros recebiam cartas de familiares mas Raskolnikov e Larissa, heróis de Kazan, já viviam aburguesados... e começaram a exigir a tal "república dos sovietes". Em Petrogrado, a tropa ameaça, sob as armas, os trabalhadores para produzirem nas fábricas porque a produção baixara para 20%.
Kronstadt envia marinheiros para se saber o que se passa em Petrogrado.
Fazem uma lista com exigências, queriam "eleições livres e igualdade".
Raskolnikov e Larissa tornam-se incómodos para os bolcheviques e pedem para saírem de Kronstadt.
Elegem Petritchenko. Não é bolchevique e é eleito chefe desse comité revolucionário temporário.
Era a 3ª revolução. A 1ª- Fevereiro, 2ª - Outubro, 3ª - Kronstadt.
Ataque do exército vermelho repelido pelos marinheiros mas os marinheiros estavam isolados na ilha.
Foram vencidos no segundo ataque. Alguns fugiram para a Finlândia. Na fuga foram morrendo no gelo. Os que não fugiram foram mortos ou levados para o primeiro campo de concentração na Rússia.
8000 atravessaram para a Finlândia. Mas muitos milhares ficaram pelo caminho, assim como a elite de Petrogrado.

A grande vantagem dos nossos dias, na Europa, em Portugal, é que, amanhã, 2 de Março, há liberdade para quem se quiser manifestar! Mesmo os que gostam mais de Lenin e de Trosky e não de Petritchenco !