24/08/12

Eu e tu, agora, somos o chefe



Eram cinco. As crianças brincavam e tentavam organizar a brincadeira. Tratava-se de fazer uma cova, daquelas que as crianças e alguns adultos, eu incluído, costumam fazer na praia.
Uma delas, virando-se para a que era mais activa, diz-lhe: “eu e tu, agora, somos o chefe”.
Duas delas acharam que não era assim e separaram-se porque não estavam para fazer o que ela achava. E foram fazer a sua própria brincadeira.
Passado algum tempo, uma do primeiro grupo vai convidar os dois desistentes para regressarem ao grupo. Recusam. Então diz-lhes: "não faz mal, vocês agora são só dois e isso está pouco fundo”.
Esta teoria da dinâmica de grupo, infantil e de praia, recorda-me outra ainda mais radical. Fui proposto para um projecto de equipa de trabalho. A querida amiga que estava a liderar o projecto achou, pura e simplesmente: “ a equipa sou eu”.
Muito temos a aprender com as crianças e com os nossos próprios "amigos". 
As lideranças bicéfalas não são lideranças. Mas as lideranças devem saber trabalhar em equipa. Nesse caso nunca é dramática a fase seguinte. Caso contrário, é nisto que resultam os chamados líderes carismáticos: não têm sucessor. Ou a sucessão é sempre uma tragédia: quando a sucessão é familiar-dinástica, com a indicação do sucessor ou dos sucessores. Mesmo o simulacro eleitoral, quando existe, serve apenas para confirmar a escolha efectuada.
Normalmente, tudo isto também é cómico. Herman é que sabe quem é o líder.

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